Pular para o conteúdo

Resenha: A atualidade do racismo na Cidade de Deus

Resenha: Cidade de Deus (2002)
Por Nicoly Schindler
Filme: 2002/ Brasil/ 2h 10min / Drama, Policial
Direção: Fernando Meirelles, Kátia Lund
Elenco: Alexandre Rodrigues, Leandro Firmino da Hora, Seu Jorge

Disponível: Telecine Play, Globo Play, 

Buscapé é um jovem pobre, negro e sensível, que cresce em um universo de muita violência. Ele vive na Cidade de Deus, favela carioca conhecida por ser um dos locais mais violentos do Rio. Amedrontado com a possibilidade de se tornar um bandido, Buscapé é salvo de seu destino por causa de seu talento como fotógrafo, o qual permite que siga carreira na profissão. É por meio de seu olhar atrás da câmera que ele analisa o dia a dia da favela em que vive, onde a violência aparenta ser infinita.

O racismo faz parte da estrutura brasileira. Sua gênese vem da longa escravização de povos de origem africana. Aproximar as realidades entre brancos e negros continua sendo um enorme desafio, e o filme brasileiro “Cidade de Deus” retrata com veracidade a realidade do país, que muitas vezes é mascarada no cotidiano, como também, grande parte das vítimas de homicídio são negras. 

No dia 13 de maio de 1888, uma nova esperança surgiu para os escravos no Brasil: a Lei Áurea determinou a abolição da escravidão, no entanto, não foi aí que a batalha terminou para os negros. A falta de uma política de integração fez com que estes cidadãos se tornassem excluídos e alvos de preconceitos constantes. 
Enquanto para o total da população negra a taxa de analfabetismo é de 9,6%, entre os brancos esse índice cai para 5,9%. Em sociedades marginalizadas, como a Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, uma favela, os moradores não tem acesso a uma educação de qualidade e até mesmo a saneamento básico. As pessoas não nascem com as mesmas oportunidades, assim como, o protagonista negro e pobre, Buscapé, que era tomado pelo medo de se tornar um bandido, devido as circunstâncias que presenciou por toda sua vida. 
Segundo o estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, analisando casos registrados entre 2005 e 2015, 71% das vítimas de homicídios no Brasil são negras. Portanto, além dos projetos já realizados, faz-se necessária a conscientização sobre a igualdade de raças nas escolas, a fim de incluir a minoria na sociedade, ademais a chegada de saneamento básico por meio de projetos sociais, o que faz parte dos direitos humanos. Dessa maneira, haverá mais espaço e menos desigualdade.