Por Gabriela Conradi e Milena Yves
Revisão: Jeniffer Modenuti
Nos tempos da Revolução Industrial:
Antes da Revolução Industrial, as famílias européias viviam nas áreas rurais. Nessa época, as crianças começavam a trabalhar desde pequenas, auxiliando os pais nas tarefas do campo. O convívio entre pais e filhos era bem intenso, pois o trabalho não ocupava o dia inteiro das pessoas e sobrava tempo para reuniões e festas entre famílias.
A vida nas cidades alterou completamente esse panorama das relações de trabalho familiares. Ao passar o dia nas fábricas, os pais perderam o convívio com seus filhos, que antes existia na vida no campo. Diversas crianças engessaram no modo de trabalho industrial para ajudar seus pais, como ocorria no campo, porem, eram exploradas de forma covarde e sem limites, trabalhando o mesmo tanto que um adulto e recebendo salário inferior aos seus esforços.
Elas começavam a trabalhar aos seis anos de idade de maneira exaustiva. Com a má condição de trabalho e a exaustão de inúmeros dias de trabalho pesado, havia uma queda produtiva consideravelmente alta, e por conseqüência disso, essas crianças eram castigadas severamente. As crianças que chegavam atrasadas ou que conversavam durante o trabalho também eram castigadas. As que fugiam eram procuradas pela polícia e fichadas quando encontradas. Dessa forma, a vida nas cidades trouxe grandes dificuldades para as crianças durante o processo de Revolução Industrial, que promoveu a exploração não só de adultos, mas também do trabalho infantil.
Atualmente:
Graças a criação de leis que protegem os direitos das crianças, o número de casos relacionados ao trabalho infantil despencou imensamente. No entanto, mesmo com a existência delas, a quantidade de indivíduos que esnobam complemente a existência dessas leis é alta. As crianças que têm a infelicidade de serem exploradas perdem totalmente o direito a uma infância saudável e feliz, sendo forçadas ou influenciadas a assumirem responsabilidades precocemente.
A possibilidade de encontrar crianças ou adolescentes envolvidos com tráfico, prostituição ou qualquer outro tipo de exposição ao perigo é exorbitante, e muitas vezes os próprios pais e/ou familiares influenciam involuntariamente para que essa exploração ocorra.
As crianças que acabam sendo exploradas, muitas vezes arriscam suas vidas nas grandes metrópoles em uma busca constante por dinheiro, fator principal para a existência do trabalho infantil.
Por que crianças, afinal?
Podemos afirmar que um adulto, dificilmente, será manipulado ou terá medo de correr atrás de seus direitos. Entretanto, isso é diferente com uma crianças, que constantemente sofre nas mãos daqueles que são seus “superiores” (mais velhos). Quando não se há a proteção dos pais, a vulnerabilidade dessa criança cresce em níveis extraordinários, tanto que o abuso pode ocorrer fisicamente, psicologicamente e/ou moralmente.
E para complementar o argumento, é fato que a mão de obra mais barata é a de uma criança, pois a mesma não tem experiência sobre o assunto ou sabe o valor que tem, referente principalmente ao tipo de trabalho realiza. Um simples prato de comida, ou até mesmo um lugar para dormir, é o suficiente para que uma criança necessitada possa vender sua força à terceiros.
Dicas de onde encontrar mais sobre o tema:
O livro “Carvoeirinho” é uma obra do autor Roger Mello que retrata um pouco sobre a realidade de uma criança que sofre exploração nas minas de carvão.
Quem narra a historia é um marimbondo que acompanha o dia a dia do “menino do lar de fogo”, conciliando seus pensamentos sobre a vida do garoto a sua constante busca por alimento para suas larvinhas na casa de barro.
O menino carvoeiro não conhece outra vida, a não ser o trabalho duro nas fornalhas. O livro é escrito de forma poética e original, e traz ainda as expressivas ilustrações que captam a sensibilidade e força a vida cinzenta do pequeno carvoeiro, que se fere no fogo e foge dos fiscais para não ser castigado.
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O curta metragem “Carreto” conta a historia de um menino “faz tudo”, que para se sustentar procura pequenos trabalhos na cidade onde vive. O menino, que aparenta ter no mínimo 8 anos, passa seus dias trabalhando sem parar, de um lado para o outro, sem tempo de brincar ou descansar por um tempo consideravelmente promissor. Ele e sua inseparável ferramenta de trabalho, uma carriola, certo dia, se deparam com uma menina colorindo e brincando em seu quintal, e quando a mesma o nota, sorri de canto por notar a forma como o garoto se encontrava, suado e sujo, e logo volta a desenhar.
O menino, com certa “inveja” (uma inveja inocente), se entristece mas logo volta a sua rotina. No dia seguinte, passando por aqueles mesmos lados da cidade, se encontra novamente com a menina, essa no quintal novamente. Ela o vê e rapidamente, surpreendendo o garoto, se levanta com dificuldade do chão e, se apoiando nos objetos a sua frente, caminha até o garoto. Ela lhe entrega um desenho, o menino e sua carriola, descansando abaixo de uma árvore qualquer. O “carreto”, comovido com a ação da menina, por ter notado o problema dele sendo que ela mesma tem os dela, e resolve presenteá-la de alguma forma. No ferro velho, ele resgata uma cadeira de rodas aos pedaços, e tira um dia de seu cansativo trabalho para tentar encontrar alguém que arrumasse a velharia. No entanto, não foi possível, e ao invés de se abalar com essa derrota, o garoto ofereceu uma divertida viagem em sua carriola, correndo pelas ruas da cidade com a menina rindo descontroladamente sobre ela.
Moral da historias: pequenos atos deixam as crianças felizes, mesmo aquelas que sofrem, principalmente por terem precocemente amadurecido. O filme não é tão complexo, mas é, talvez, o que o diretor desejava transmitir. Criança foi feita para brincar, não para trabalhar.