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Resenha: Histórias Cruzadas

2012 / 2h 26min / Drama
Direção: Tate Taylor
Elenco: Octavia Spencer, Viola Davis, Emma Stone, Jessica Chastain
Por: Geovana Vivan Bovo

Jackson, pequena cidade no estado do Mississipi, anos 60. Skeeter (Emma Stone) é uma garota da sociedade que retorna determinada a se tornar escritora. Ela começa a entrevistar as mulheres negras da cidade, que deixaram suas vidas para trabalhar na criação dos filhos da elite branca, da qual a própria Skeeter faz parte. Aibileen Clark (Viola Davis), a emprega da melhor amiga de Skeeter, é a primeira a conceder uma entrevista, o que desagrada a sociedade como um todo. Apesar das críticas, Skeeter e Aibileen continuam trabalhando juntas e, aos poucos, conseguem novas adesões.

Em dezembro de 1955, Rosa Parks, negra estadunidense, rebelou-se contra a lei de segregação no estado do Alabama ao se negar a ceder seu assento a um branco em um ônibus, marcando assim, o início da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. O filme “Histórias Cruzadas”, que se passa na década de 1960, retrata a realidade de empregadas negras durante esse processo, determinado por políticas segregacionistas, racismo e extrema violência pelo grupo Ku Klux Klan contra negros.

Durante o filme, a personagem Hilly Broot inicia uma campanha denominada “Saúde do lar”, que consiste na construção de banheiros em locais separados, para serem usados exclusivamente pelas empregadas, uma vez que, segundo essa personagem, elas seriam as responsáveis pela disseminação de diversas doenças. Tal cena enfatiza a discriminação sofrida pelas domésticas negras nesse período, que eram obrigadas a ocuparem locais predeterminadados a elas, de acordo com o pressuposto da existência de raças superiores e inferiores, sendo essa atinente aos negros. 

Segundo antropólogo e médico italiano Cesare Lombroso, a principal diferença entre uma pessoa honesta e criminosa estaria em sua fisionomia, onde o delinquente apresentaria pele, olhos e cabelos escuros. A existência de teorias raciais no século XIX que degradassem a imagem de pessoas negras, como a de Lombroso, contribuiu para a efetivação do racismo na sociedade, além de agravar a ideia de supremacia branca, que permitia às elites usá-las como justificava para a violência e abusos cometidos por elas, como mostrado no filme de Tate Taylor. 
A criação de projetos de leis que visam a proteção dos direitos humanos e civis dessas minorias e que penalizam crimes como o racismo, a discriminação e segregação foi um passo importante para a elaboração de uma comunidade justa e igualitária. Todavia, os estigmas e preconceitos contra esses indivíduos persistem até os dias atuais, sendo necessário, pois, contestar e desconstruir tais conceitos diariamente.