“É fácil compreender, mesmo que eu não o tivesse dito explicitamente, que os operários ingleses não podem sentir-se felizes numa tal situação; que a sua situação não é a mais adequada para que um homem, ou uma classe inteira, tenha possibilidades de pensar, sentir e viver humanamente. Os operários devem, portanto, tentar se libertar desta situação que os coloca ao nível dos animais, para criarem para si próprios uma existência melhor, mais humana, e só podem fazer entrando em luta contra os interesses da burguesia enquanto tal, interesses que residem precisamente na exploração dos operários. Mas a burguesia defende os seus interesses com todas as forças de que pode dispor, graças à propriedade e ao poder do Estado.
Desde o momento em que o operário quer escapar ao atual estado de coisas, o burguês torna-se seu inimigo declarado.
Mas, além disso, o operário pode constatar em qualquer momento que o burguês o trata como coisa, como sua propriedade, e esta razão basta para que ele se manifeste como inimigo da burguesia. Já demonstrei anteriormente com a ajuda de uma centena de exemplos – e teria podido citar centenas de outros – que, nas circunstancias atuais o operário não pode preservar sua condição de homem senão pelo ódio e pela revolta contra a burguesia. (…) “
(ENGELS, Friedrich. A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra. São Paulo, Global, 1986, pp. 241)