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Vacina e Fake News: Leituras sobre o Movimento Antivacina e o Senso Comum

Uma questão social que não sai das mídias tem sido a vacinação da população para conter o surto da covid-19. Mas o assunto é envolto de polêmicas, por isso trago um material que pode ser trabalhado para se pensar o movimento antivacina no contexto atual e a relação com o senso comum e o conhecimento científico. Bons estudos!

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A pandemia já atingiu 8.753.920 de brasileiro, com um triste saldo de 215.243 falecidos, e estamos fechando janeiro com uma média diária de mais de mil mortes. No mundo, já somamos 96.218.601 de infectados e ultrapassamos os 2 milhões de mortes. Pais, Mãos, filhos e irmãos que partiram, como os da população do Amazonas, que há uma semana virou notícia internacional pela falta de oxigênio, o que levou a morte por asfixia de muitos pacientes. Mortes que poderiam ter sido evitadas, se houvesse um planejamento coerente e um plano de governo para conter os avanços da pandemia no Brasil.

Mas, em meio a tanta tristeza, temos uma boa notícia: graças ao esforço hercúleo de tantos cientistas que trabalharam em cooperação internacional,  unindo conhecimentos, forças e recursos de modo incansável, conseguimos ter uma vacina segura e em tempo recorde!  

Porém… não podemos desconsiderar nosso contexto de extrema polarização política, que tornou as ações sobre a pandemia objeto de disputa dentro do atual governo. A vacina não saiu isenta a esses embates. O próprio Presidente da República, seguindo sua inspiração na cartilha do Ex-presidente norte americano, Donald Trump, mostra-se adepto de teorias conspiracionistas, negacionistas e sem comprovação científica, que deslegitimam a vacina, contestam sua eficácia, colocam em dúvida a possibilidade dela gerar efeitos colaterais (já viu algum meme do jacaré?) e como pior das consequências, não planeja uma política pública para a vacinação.

Primeiro, uma política de investimento em recursos para pesquisa, insumos de pesquisa e garantia de recursos para manter os pesquisadores e cientistas em seus postos. O Brasil tem cortado bolsas anualmente bilhões de reais em pesquisas: em 2020 o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) perdeu 2,3 bilhões de reais e a perspectiva para 2021 é que o corte chegue a 2,7 bilhões. Isso tem impacto direto na fuga de mentes, na perca de patentes, na não inovação e na eterna dependência do nosso país dos outros desenvolvidos – sem ciência, ficamos parados no tempo.

Em segundo lugar percebemos a falta de uma política de gerenciamento, onde notamos que o país não estabeleceu acordos internacionais nos momentos cruciais para poder receber insumos, ter posição confortável na fila pelas vacinas, ou mesmo por manter uma política cordial de relação internacional com países dos quais dependemos – agora mais que nunca, como a China e Índia

Em terceiro, um planejamento interno para a produção ou importação e então distribuição de insumos e recursos e da própria vacina. O Governo Federal mostrou-se por muitas vezes falho, omisso ou despreparado para lidar com a pandemia. O foco Federal ficou na manutenção da economia contra as medidas de isolamento, no negacionismo do impacto da pandemia e na defesa de tratamento precoce como uso de ivermectina e cloroquina – que não possuem comprovação científica de eficácia. Os governadores estaduais mostraram-se melhores gestores diante a crise, e apresentaram planos, onde ganhou destaque o governador paulistano João Doria. 

Ainda assim a base de apoiadores das ideias antivacina, a favor da ingestão de ivermectina e cloroquina são muito fortes porque tem uma grande e perigosa aliada: a propagação de fake news e desinformação pela internet. Notícias falsas se espalham 70% mais rápido que informações verídicas e atingem muito mais pessoas, apontou estudos da Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). E não são apenas os robôs que espalham essas notícias, mas o cidadão comum, que foi envolvido pelo apelo emocional que a notícia falsa foi projetada para prender o seu leitor. O indivíduo compartilha para poder ajudar ao próximo! Ele acredita estar fazendo um bem pela coletividade e pela verdade que mídia tradicional não quer que as pessoas vejam. 

As instituições científicas, educacionais e comunicacionais estão sendo destituídas de sua credibilidade por figuras de poder como governantes no estilo de Trump e Bolsonaro. Isso é o que o pesquisador Jason Stanley, autor do  livro “Como Funciona o Fascismo” procura explicar: matar a verdade e as instituições responsáveis por produzir e reproduzir a verdade é uma forma que governos (antigos e atuais) usam para poder matar a democracia. No fascismo, a verdade é a primeira a morrer. 

Portanto, enquanto professores, temos um dever em defendermos o conhecimento científico, e com isso, levarmos nossos estudantes a refletirem sobre os sensos comuns ao seu redor. Este momento é crucial, pois a vacinação é um pacto social, mas a desinformação quer operar contra isso. Não podemos deixar a verdade morrer! 

Caso queira ter acesso a mais informações, indico o detalhamento do Boletim de MAPEAMENTO E ANÁLISE DASNORMAS JURÍDICASDE RESPOSTAÀ COVID-19 NO BRASIL

Curadoria com referências e textos das reportagens usadas: https://wke.lt/w/s/qYO7yX

Consulte também: https://educamidia.org.br/glossario

Bons estudos!