Nas palavras de Bauman:
“Hoje, vivemos na modernidade líquida e na sociedade pós-industrial do consumismo, e a passagem da sociedade de produção para a sociedade de consumo foi uma coisa muito poderosa e importante. Mudamos o foco da construção das bases do poder da sociedade sobre a natureza para o contrário: para a cultura do imediatismo, do prazer, da individualização, de identificar a visão da felicidade com o aumento do consumo.” (Em entrevista a Marcelo Lins, Globo News)
Muitas vezes paro para observar a geração dos meus alunos. Muitos olhares vazios em meio a explicação. Quando tentamos aprofundar debates ou atividades mais elaboradas: “ah professora, mas isso dá muito trabalho”. Imediatistas. Preguiçosos? Desanimados! Muitos com sono porque passam a madrugada acordados jogando ou vendo séries na internet. Cultura do Streaming. De manhã, não rendem na escola. Não veem sentido em fazer as atividades escolares porque são chatas demais: já que tudo o que eles veem em seus filmes, séries, jogos e redes sociais apresentam estímulos muito mais interessantes do que aqueles da escola.
Para Bauman precisamos repensar esse novo cotidiano e seus desafios. A educação está em crise, junto com a fragmentação do nosso mundo. Isso porque somos bombardeados por um excesso de informações e estímulos, e já não sabemos mais construir um planejamento (social, político, cultural e educacional) a longo prazo. Com isso, não se desenvolve um projeto de educação que seja consistente.
Como podemos responder aos desafios dos novos tempos e inovar, mas ainda assim preservarmos certas linearidades do pensamento, como a valorização do fazer científico e reflexivo?
Ou conseguir desenvolver capacidades psicológicas como atenção, concentração e consistência, sem nos perdermos em meio a variados estímulos?
Ainda é possível estudarmos um assunto até o fim? Esses são pontos falhos apontados pela cultura do imediatismo, na perspectiva de Bauman que a Sociologia precisa explorar, para dar respostas ao mundo que queremos construir.
Com Bauman aprendemos que as tecnologias são uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo em que dão acesso e pregam uma proximidade, elas também afastam, criam barreiras invisíveis, geram pretensas relações. Essas tecnologias também nos dão a sensação de necessidade de estarmos sempre informados e informando. Mas quais são os limites disso em nossas vidas? E seus impactos? E quando essas tecnologias invadem as salas de aulas e, como vimos durante a pandemia, essas salas de aulas são a casa dos professores e alunos?
Como encontrar o equilíbrio? Essa é outra questão deixada por Bauman, que apesar de ser visto por muitos como um grande pessimista, se declarava grande otimista em relação ao mundo, e acreditava que o nosso hoje é muito melhor que o que já passamos em história da humanidade, por isso manteve a fé de que o amanhã seria ainda melhor!