Por Jeniffer Modenuti
O Dia da Consciência Negra no Brasil é comemorado em 20 de novembro, que neste ano foi numa segunda feira. A data foi escolhida por coincidir com o dia atribuído à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, enquanto defendia a sua comunidade quilombola e lutava pelos direitos do seu povo. Zumbi foi um escravo que liderou Quilombo dos Palmares e simbolizou a luta do negro contra a escravidão que sofriam os afro-brasileiros.
O calendário escolar nacional passou a incluir a data desde 2003, tornando obrigatório a reflexão e discussão pedagógica sobre dia. Contudo, somente a Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011, instituiu oficialmente o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
A data virou feriado no Brasil, embora seja adotado em somente 1.047 dos mais de 5 mil municípios brasileiros . Segundo a professora de História Marilene Cordeiro, o dia 20 de novembro é mais significativo para o povo negro que o 13 de maio, data da abolição da escravatura. A assinatura da Lei Áurea não foi capaz de integrar o negro na sociedade, prolongando ainda mais a luta desse povo, então livre, porém sem direitos. Como Zumbi representou a resistência e a luta, é muito mais emblemático falarmos de um dia 20/11 como um marco para a reflexão sobre o passado e o presente dos afro descentes brasileiros, afirma a professora.
O município de Ibiporã não reconhece 20 de novembro como feriado, mas as escolas cumprem com a função de fazer o dia da Consciência Negra. O Colégio do Jardim San Rafael é uma escola de nível de ensino fundamental e médio, e desde 2008 possui uma equipe multidisciplinar, reunindo professores de várias áreas, para estudar sobre questões étnico raciais, povos indígenas, afro-brasileiros e história africana. Os professores que compõe essa equipe são os principais responsáveis, ao lado da equipe pedagógica, administrativa e pessoal de apoio, para realização de atividades culturais que remetam ao Dia da Consciência Negra.
Neste dia 20, o Colégio realizou exposições de trabalhos dos alunos sobre os temas referentes à questão étnica raciais, capoeiristas, músicas, rodas de discussões, além tradicional feijoada, uma das marcas da cultura afro na culinária brasileira.
O estudante do 1º ano do ensino médio, Felipe Custódio, afirmou que é necessário ter um dia apropriado para refletir o porquê da exclusão do negro na nossa sociedade até os dias de hoje, inclusive como uma forma de superarmos o racismo que ele afirmou presenciar no seu cotidiano, até mesmo dentro da escola. Já Matheus Adriano, 3º ano, responsável por uma das exposições do dia que falava sobre diversidade étnica e racial, e mostrava os diferentes povos indígenas brasileiros, garantiu que com essa experiência ele pode aprender muito sobre uma parcela da população que muitas vezes é esquecida e discriminada, e que é importante falarmos sobre os negros e indígenas dentro da escola, como uma forma de lembrar de sua cultura, história e contribuições que ajudaram a formar o Brasil de hoje.
Outros eventos que marcaram o dia contaram com a participação de estudantes de jornalismo da UEL (Universidade Estadual de Londrina), que realizaram oficina de fotografia e roda de discussões sobre os papéis de gênero na sociedade.
Estudante do 3º ano Matheus Adriano que apresentou uma das atividades do dia |
Estudantes do 8º ano apresentam sobre história afro-brasileira, Fotografia: Marilene Cordeiro |
Thainara Assis estudante de ciências sociais da UEL observa exposição sobre a diversidade étnica: os povos indígenas |
Estudante Maria Eduarda do 3º ano, responsável por apresentar a exposição de fotografias dos povos indígenas |
Roda de discussões sobre representatividade feminina com as estudantes de jornalismo UEL. Fotografia: Maria Caroline Monteiro |
Oficina de fotografia com estudantes de jornalismo Isabela Buriola (esq) e Gabrieli Chanthe (dir) |
A estudante de jornalismo Caroline Knup apresenta técnicas de fotografia ao aluno Thiago Yuri |